A peregrinação dos vestibulares já está sendo planejada por muitos estudantes. Quem busca uma vaga em uma universidade pública costuma viajar muitos quilômetros para arriscar uma aprovação. Entre os estudantes de Curitiba, os destinos mais procurados estão nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Mas nem adianta achar que vestibular é igual em qualquer lugar. Dependendo da instituição, você pode precisar saber mais do que conta a sua apostila.

Quem vem de fora para tentar uma vaga na Universidade Federal do Paraná (UFPR) não precisa se preocupar com conteúdos específicos da cidade ou região, mas não pode deixar de acompanhar as notícias, conforme explica a coordenadora do Núcleo de Concursos da UFPR Iara Bemquerer Costa. “Não damos ênfase a conteúdos regionais em nenhuma das disciplinas. Mas pode ocorrer uma contextualização regional. Eventualmente também podem aparecer autores paranaenses na lista, mas isso não é um critério.

Levamos em conta a relevância das obras para a literatura brasileira, do sul ou paranaense. Muitas das vezes aproveitamos notícias nas questões. Quem é de fora, mas está bem informado sobre notícias de interesse nacional, está em igualdade de condição com quem é daqui”, diz.

Mas, se o seu rumo leva ao interior do estado, especialmente à Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a história é outra. O espaço paranaense e seus principais aspectos físicos, humanos e urbanísticos, turismo e problemas ambientais e os mesmos aspectos em relação à cidade de Ponta Grossa são cobrados. “Antigamente a referência era o livro, hoje é a internet, e qualquer um pode ter acesso a essas informações. Quem está querendo uma vaga concorrida precisa saber, pois, nesses casos, acertar ou errar uma questão já define a classificação. Já os que fazem cursinho, devem aproveitar as aulas especiais e cobrar esse conteúdo do professor”, conta Ivo Mário Mathias, coordenador da Comissão Permanente de Seleção da UEPG.

Cada questão conta

Nas terras vizinhas de Santa Catarina, não estar atento à história e cultura catarinenses pode custar preciosos pontos da nota. Segundo Maria Luiza Ferraro, coordenadora pedagógica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), não é recomendável prestar o vestibular sem dar uma boa estudada em aspectos regionais. “Para um candidato que busca uma vaga em cursos de alta demanda, faz muita diferença estudar alguns aspectos do estado. Temos uma ou duas obras, no mínimo, de literatura catarinense das oito obrigatórias. E também temos questões de Geografia e História do estado”, diz.

Guerras, batalhas, lideranças políticas executadas, colônias alemãs, folclore e tragédias como a ocasionada pelo excesso de chuva são pontos importantes para o vestiba considerar. “Assuntos atuais como os relacionados às indústrias alimentícias e agronegócio, que se consolidou em Santa Catarina, assim como a rede urbana, também são importantes”, completa.

Ao sul

Para quem vai mais longe e sonha em cursar a universidade no Rio Grande do Sul a história se repete. Além do cachecol, o estudante não pode deixar de levar na bagagem valiosas informações sobre o estado gaúcho. “O Rio Grande do Sul está em conteúdos que fazem parte da História Brasileira. Na literatura, temos diversos autores riograndenses que são representativos no país. Na Geografia, temos de saber as alterações de clima na Região Sul assim como é importante conhecer os efeitos do desmatamento da floresta amazônica”, conta Maria Adélia Pinhal de Carlos, presidente da Comissão Permanente de Seleção (Coperse) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).

Guerra dos Farrapos, imigração da população judaica no estado e enchentes são alguns pontos citados por Maria Adélia. E, para quem está com preguiça só de pensar em estudar os conteúdos regionais, ela manda o recado: “Hoje não podemos mais ficar enraizados no nosso próprio ninho. Temos de acompanhar o que acontece na nossa cidade, mas também em nosso estado, país e mundo. As mudanças são muito rápidas e é preciso que o estudante conheça o que está acontecendo e possa tomar uma posição. Na prova, quando solicitamos uma questão, ele não vai só analisar os dados referenciais como também vai ter de se posicionar sobre o que está sendo colocado”, afirma.

Cada prova é única

Em São Paulo conteúdos regionais não têm vez. Ao menos é o que garante o coordenador geral da rede paulista de cursinhos Etapa. “Conteúdos regionais em História e Geografia não costumam ser cobrados, em relação a isso os alunos de outros estados podem ficar tranquilos”, conta. Mas, se conhecer bem as características das terras paulistanas não é essencial, não dá para deixar de conhecer bem as peculiaridades do vestibular de cada instituição.

“Unesp [Universidade Estadual Paulista], Getúlio Vargas, Ma­­ckenzie, USP [Universidade de São Paulo], Unicamp, os vestibulares têm características fortes e é bom o aluno dar uma olhada nas provas para não ter surpresas. A Unesp, por exemplo, tem no segundo dia uma prova inteiramente interdisciplinar, que é o que o Exame Na­cional do Ensino Médio (Enem) está se propondo a fazer. Para quem nunca fez, é bom conhecer para não se assustar”, diz.

Publicado em 23/05/2011
Fonte: Site Gazeta do Povo

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