As garotas estão mais conscientes que os rapazes na hora de escolher a carreira. Elas se interessam pe­­las vivências do dia a dia das profissões, conversam com pais e profissionais, investigam as ha­­bilidades exigidas e suas aptidões. Já os garotos dão mais im­­portância à média salarial, às atividades existentes na família, ao status e ao poder relacionados ao ofício. Essas são constatações de uma pesquisa liderada pela psicóloga Selena Garcia Greca, especialista em Orientação Vocacional e Prof­­issional.

A preferência masculina ou feminina por determinadas áreas também foi confirmada pelo estudo. “Engenharias são mais escolhidas pelos garotos, enquanto Psicologia, Nutrição e Odontologia foram mais citadas pelas meninas”, diz Selena. Ao todo, foram consultados, entre abril e maio de 2011, 2.514 jovens do ensino mé­­dio, com o apoio do portal educacional da Positivo Informática.

Preconceito

Os homens dominam as áreas de Logística, Tecnologia da Infor­­mação, Ciência da Compu­­tação e Análise de Sistemas. Enquanto isso, as mulheres são a maioria em Turis­­mo e Secretariado, conta a pedagoga Inge Renate Frose Sur, coordenadora pedagógica das faculdades Facinter e Fatec. Veja no quadro abaixo a proporção de homens e mulheres ingressantes neste ano em alguns cursos da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

“Ainda há preconceito, por exemplo, com a mulher que assume uma profissão que a faça trabalhar à noite. Ela é tida como al­­guém que não leva a sério o ma­­rido ou a família”, considera Inge. “Os meninos vão valorizando tudo o que vão ouvindo desde pequenos. De forma inconsciente, os estudantes carregam isso antes de decidir o curso no vestibular. E há a tendência de se escolher profissões que seu ambiente familiar, igreja ou comunidade valorizam”, complementa.

Para a psicóloga Daniella Fos­­ter, coordenadora do PUC Talentos e coach executivo, pela influência do contexto social, meninas escolhem a profissão já orientadas para a qualidade de vida e para um equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal. Elas ponderam se a profissão vai permitir que administrem com mais facilidade a vida pessoal. “Se a carreira exigir viagens, para ele é mais fácil. A não ser que ela decida não ter filhos ou queira focar na carreira para ter filhos mais tarde, com 35, 40 anos, assumindo os riscos. Mas, mesmo assim, elas sofrem com isso, pois há cobrança interna e do meio familiar”, explica.

Expectativa da sociedade também polariza carreiras

Ouvimos que homens são mais racionais e lógicos, enquanto as mulheres costumam ser mais emotivas e intuitivas. Segundo a psicóloga Daniella Foster, isso se reflete também na escolha da profissão. “Mulheres têm características do próprio feminino. Quando falamos em aptidão sabemos que elas têm aptidões em áreas diferentes das dos homens”, diz, embora concorde que isso esteja mudando, até por influência do meio, da sociedade. Nessa mudança, enquanto o homem tem se visto mais responsável pela casa e pelos filhos, a mulher se vê mais liberada para investir na carreira.

Perfil

Já a pedagoga Inge Renate Frose Sur afirma que o que influencia a escolha não é tanto o perfil “adequado” para cada curso, mas a expectativa da sociedade em relação a cada gênero. “Não se trata de ter mais jeito para isso ou aquilo, mas ainda é muito marcado o mundo masculino e o feminino. Se a mulher vai para a área de Mecânica, pode ser colocada em prova a sua sexualidade. Assim como um aluno de Pedagogia tem dificuldades em encontrar estágio. Ainda há preconceito em relação à figura masculina cuidando de criança pequena”, diz.

Descubra aqui qual a proporção entre homens e mulheres ingressantes em alguns cursos da Universidade Federal do Paraná neste ano.
Publicado em 20/02/2012
Fonte: Site Gazeta do Povo

0 Comments:

Post a Comment




 

Layout por GeckoandFly | Download por Bola Oito e Anderssauro.