Infelizmente, guerras e outros conflitos armados ocorrem o tempo todo em várias partes do mundo. Além da perda de vidas, as disputas militares geralmente causam transformações políticas profundas nas regiões em que ocorrem. Por isso, conhecer as motivações e as consequências desses confrontos é essencial para uma boa compreensão da realidade geopolítica, tema sempre presente nos vestibulares.

Nas últimas décadas, o Oriente Médio vem sendo o principal palco de guerras do mundo e foco da atenção internacional por diferentes razões. Segundo o professor de geografia Arno Boing, dos cursos Expoente e Dom Bosco, o vestibulando precisa se manter atento aos acontecimentos da região. “O Oriente Médio é o maior produtor de petróleo do planeta e de lá saíram as três grandes religiões monoteístas. Esse fatores fazem as guerras da região ter grande influência no resto do mundo”, explica Boing.


Fora do Oriente Médio, a maioria dos combates militares dos últimos trinta anos foram consequências da Guerra Fria, da queda do comunismo na antiga União Soviética ou causadas por disputas de fronteira motivadas por diferenças étnicas e religiosas. De acordo com o professor de história Renato Mocellin, o aluno não deve focar o estudo em decorar datas e nomes. “Ninguém vai pedir o nome de uma batalha, ou de seus comandantes. É preciso saber as principais razões e contextualizar os conflitos”, diz.

Com base nas dicas dos professores ouvidos, a Gazeta do Povo apresenta um breve resumo de algumas das guerras recentes que podem aparecer nas provas de história e geografia.

Revolução do Irã (1979)

A revolução islâmica ocorrida no Irã em 1979 transformou o país que era uma monarquia pró-Ocidente numa república teocrática, sob o comando do aiatolá Rohollah Khomeini. A revolta foi fruto da insatisfação popular com a corrupção política, a extrema pobreza, a imposição de elementos da cultura ocidental e o desprezo do xá Mohammad Reza Phlevi por princípios tradicionais do Islã. Uma aliança entre grupos liberais, de esquerda e líderes religiosos motivaram os conflitos internos que culminaram com um grande protesto que reuniu 2 milhões de pessoas diante da sede do governo em Teerã. O exército recusou-se a agir contra a população e o xá foi obrigado a deixar o país.

Khomeini assumiu o poder, afastou os aliados mais moderados e instaurou no país a sharia, código de leis islâmico que rege a ordem social. Costumes e direitos típicos de sociedades ocidentais foram proibidos e a pena de morte foi aplicada aos defensores do antigo regime, aos homossexuais, cristãos e judeus que propagassem suas crenças.

Irã x Iraque (1980 – 1988)

Em 1980 uma disputa territorial agravada por interesses políticos deu início ao conflito militar entre Irã, vindo de uma recente revolução islâmica, e Iraque, de Saddam Hussein. O regime do aiatolá Khomeini, com objetivo de expandir sua influência, passou a ceder assitência militar à minoria de etnia curda que lutava por independência no Iraque. Como resposta Saddam Hussein revogou um acordo que cedia ao Irã cerca 518 quilômetros quadrados de território, e o exército iraquiano invadiu a região.

Síria e Líbia participaram do confronto ajudando o Irã, enquanto os Estados Unidos e a Arábia Saudita financiaram o armamento do Iraque. O conflito envolveu todo tipo de força militar, inclusive o uso de armas químicas. Em 1988 negociações promovidas pela ONU, reforçadas pelo desgaste da imagem política do Iraque e pela economia caótica do Irã, levaram as duas partes a aceitarem um cessar-fogo. Em 1989 o aiatolá Khomeini morre e os dois países voltam a ter relações diplomáticas.

Guerra do Golfo (1990-1991)

Em 1990, o Iraque governado por Saddam Hussein invadiu o Kwait alegando roubo de petróleo do solo iraquiano, dando início ao que ficou historicamente conhecido como Guerra do Golfo. A ação foi to­­mada de forma isolada, sem consulta ou aviso às Nações Uni­­das, e culminou com a anexação do território kwaitiano ao Iraque. A ONU condenou a invasão e im­­pôs ao país de Saddam Hussein um boicote comercial, financeiro e militar. Sem sucesso nas negociações, o uso da força foi autorizado para uma coalização encabeçada por EUA e Grã-Breta­­nha.

A superioridade tecnológica dos países ocidentais eliminou rapidamente as defesas aéreas do Iraque e causou grandes perdas aos exército republicano. No início de 1991, os EUA declararam o cessar fogo com a consequente rendição de Saddam Hussein. A ONU impôs severas sanções econômicas e militares aos país.

Guerra da Bósnia (1992-1995)

A Guerra da Bósnia foi um conflito armado que ocorreu entre 1992 e 1995 na região da Bósnia e Herzegovina. A guerra envolveu a Bósnia, a Sérvia e a Croácia e faz parte de uma série de conflitos que ocorreram como resultado da dissolução da antiga Iugoslávia, que se fragmentou após a queda do regime comunista. Foi um conflito complexo, no qual as alianças foram modificadas algumas vezes. A principal motivação seria o fervor nacionalista do exército sérvio que pretendia criar uma única nação onde as pessoas dessa etnia pudessem se unir sem a presença de etnias minoritárias.

Esse confronto foi palco de um dos maiores massacres da história recente. Em julho de 1995 o exército sérvio, sob o comando do general Ratko Mladic, colocou em ação o que foi chamado de “limpeza étnica” e exterminou 8.373 pessoas. O evento ficou conhecido como Massacre de Srebrenica e foi o primeiro genocídio em solo europeu legalmente reconhecido desde a Segunda Guerra Mundial. Ratko Mladic, foragido há uma década, foi preso em 26 de maio desse ano.

Guerra do Iraque (2003-2010)

A Guerra do Iraque, também chamada de Ocupação do Iraque, foi um conflito militar que teve início em 2003 com a invasão de uma coalizão de forças internacionais, lideradas pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, contra o governo do ditador iraquiano Saddam Hussein. Suspeitas de que o Iraque estaria desenvolvendo armas de destruição em massa e que teria relações com a rede terrorista Al Qaeda foram as razões apresentadas para justificar a iniciativa. A ocupação foi oficialmente encerrada em agosto de 2010.

A superioridade militar da coalizão derrotou rapidamente as forças oficiais do ditador, mas a derrubada do governo trouxe um longo período de instabilidade ao país, resultando em constantes disputas internas entre grupos muçulmanos xiitas e sunitas. As motivações e consequências da invasão continuam a ser amplamente discutidos entre estudiosos como um dos temas mais controversos da atualidade.
Publicado em 18/07/2011
Fonte: Site Gazeta do Povo

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